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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Retalhos e cacos / Eroj kaj ĉifonoj


Retalhos e cacos
 

As máscaras da noite

fazem acrobacias

com teu nome

pendurado nas estrelas.

 

Então costuro

retalhos de chuva

e emendo cacos

de lua cheia

que povoam cartas

em gavetas

cheirando a saudade

e alfazema.

 

Lá fora, o perfume

da dama da noite

organiza o abismo.

 
                                               

Maria Nazaré de C. Laroca

 
In: Poemas sem endereço. Juiz de Fora - MG, 2000; p.16.

 

 
  Eroj kaj ĉifonoj

 

La maskoj de la nokto

Akrobate ludas

Kun cia nomo

Alkroĉita al steloj.

 

Mi dume kudras

Pluvĉifonojn

Kaj kungluas erojn

Falintajn  el  plenluno  

Sur leterojn en tirkestoj

Kiuj aromas

Resopire kaj lavande.

 

Ekstere,

La parfumo

De l´noktfloroj

Organizas l’ abismon.

 
 
Esperantigita de
Maria Nazaré de C. Laroca     
 

El BRAZILA ESPERANTA PARNASO

 (Org. Sylla Chaves; Neide Barros Rego. Rio de Janeiro, 2007;  p. 68)
 

 

domingo, 23 de setembro de 2012

Teimosia / Obstino



Insisto

Em acender  estrelas

Em seu caminho.

 

No entanto

Você prefere

Tropeçar feliz

Na escuridão

 
Maria Nazaré C. Laroca   (1999)




Obstino

Mi insisite

Ŝaltas stelojn

Sur vian vojon.

 
Sed malgraŭ tio

Vi ĝojas faleti

En la mallumo.
 
 
Maria Nazaré C. Laroca   (2007)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Lua de setembro / Septembra luno



Todo mês está escrito:

Deus pendura

Um barquinho de luz

No rio escuro da noite
Sem estrelas.
  
E eu aproveito então

Para entrar nessa canoa

E remar no céu à toa
Até amanhecer feliz.





Maria Nazaré C. Laroca

Juiz de Fora      
09/09/2011

 Estas fakto
 Dio bildigas
 Ĉiun monaton
  Lumboaton
Sur senstelan riveron
De l'nokto nigra.



Kaj do mi nepre

Enboatiĝas

Por remi sencele

Ĝis feliĉa
Mateniĝo. 

Maria Nazaré C. Laroca
Juiz de Fora   
 21/09/2012





                                                                               
                                        



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Reveno


Antaŭ multaj miljaroj,

Kiel ondoj de l’ maro,

Re kaj reen senĉese,

L’ akvo de Dia Am’

Mian koron el rok’

Ŝtonigitan tuŝas…

 

Tamen bona afero jenas:

Survoje al Di’ mi estas  -

Kiel eta lampir’ -   porĉiame

Flugante al luma Hejm’,

Kiu de mi kuŝas ene.

 

Maria Nazaré de Carvalho Laroca

Cabo Frio  - 30/12/2011.

 

Rezigno

 

Mi flustris ĉi-matene

Tiun obstinan senton

Al rozoj de l’ ĝarden’...

Mi petis helpon do

Al blua papili’

Por adiaŭi vin ...

 

 

Tre kara anim’, aŭskultu!

Mi ne eltenas plu

Kunvivi ĉe sufer’...

Pro tio mi forigis,

Per fajro, vian nomon,

Kiu loĝis en mia kor’.

 

 
Maria Nazaré de C. Laroca

Juiz de Fora - 20/08/2011.
 
 
 
 
 




terça-feira, 18 de setembro de 2012

Dançando com Lacan / Dancante kun Lakano


O meu inconsciente

Está fazendo arte,

Quando sangra no vazio

Meu passado de presente...




Qual numa festa cigana,

No meu céu, as rosas rubras,

Batem palmas em ciranda

Para celebrar as núpcias




De uma rosa solitária,

Nívea, no meio da roda,

Chorando à espera do noivo

Que nunca mais voltará...




Então transformo seu pranto

Em orvalho de poesia,

E a rosa branca se encanta,

Voando em doce magia.



Maria Nazaré de C. Laroca

Juiz de Fora, 13 de setembro de 2012
.



Nekonscio mia

Artisme petolas
,

Kiam en malplenon

Ĝi nune sangigas

 Kiel donaco

Pasintencon ...




 Ĉe cigana festo  -

 Miaĉiele  -   ruĝaj rozoj

 Manfrapas rondodance

 Por gaje celebri nuptojn


De neĝblanka rozo

Soleca meze de l’ rondo

Ploranta pro la foresto

De l’ fianĉo, kiu ne plu revenos
.

 


Do mi ŝanĝas ploron ĝian

En roson de poezio

Kaj la blanka roz’ ravita

Milde forflugas magie. 


Maria Nazaré de C. Laroca

Juiz de Fora, la 15-an de septembro 2001
.

E-renkontiĝo


Septembran

Dimanĉon,

Kaj varmege

Bluas ĉielo

En Muriaeo.

 

Kvazaŭ infanoj,

Preskaŭ cento

Da homoj

Ĝuas verdan

Eliksiron

El feliĉo:

 

Esperanto!

Faden’ magia, kiu

Korojn kunligas:

Esperplena familio.

 

Maria Nazaré de C. Laroca

ZOMAER - Muriaé, 16 /09/2012
 
 
                 

sábado, 15 de setembro de 2012

AO DR. BEZERRA DE MENEZES


Benfazejo emissário da bondade,

Espírito de escol, alma sublime,

Zelando sempre pelos desvalidos,

Exerce a caridade com fervor!

Rara estrela a fulgir com humildade,

Renúncia é seu nome abençoado,

Abnegado Irmão de todos nós...

 

Dedicado servidor de Jesus,

Exemplo maior de ação no bem!

 

Maria o chamou para as Alturas:

Envia-lhe Celina, a emissária...

Nenhuma glória, todavia, quis;

Ele suplica prosseguir a obra,

Zeloso do dever com os sofredores,

E enobrece o trabalho mais humilde

Salvando almas com paterno amor.

 

Maria Nazaré de Carvalho Laroca

 (Juiz de Fora, 16 de julho de 2010.)





Tradukis Affonso Soares (aŭgusto de 2010)



B onfara kurier´ de l´ Karitato,

E minenta Spirit´ , anim´ sublima,

Z organte senĉese pri l´ forlasitoj,

E n la Bono servadas kun fervor´!

R ara stelo brilanta plej humile,

R ezigno - jen lia benata nomo,

A bnegacia frato al ĉiuj homoj...

 

D ediĉata servanto de Jesuo,

E kzemplo pleja en la bonagado!

 

M aria lin vokis al la Plejsupro:

E stis Celina la invit-portanto...

N enian gloron li tamen deziris;

E n la mond´ plu servadi li petegas,

Z orga pri l´ flegado al suferantoj,

E l simpla labor´ li faras misian

S avadon de homoj kun patra amo.








 


 

 










quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Raviĝo


 

Sorĉa plenluno kaŝita

Sub envuala mister’

Ŝajnas virina vizio,

Ĉe mezepoka fenestr’

De nevidebla kastel.

 

Maria Nazaré de C. Laroca

(Juiz de Fora  12/03/2012)
 
 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

No reino das mil e uma palavras sem fim


     Luma é uma palavra luminosa e feliz que vive no Reino das Mil e Uma Palavras sem Fim. Ela é também uma palavra poética, de constituição lítero-musical, e tem ainda a leveza e a mobilidade das fadas que habitam em reino próximo. Quando Luma nasceu, seu pai, ou Patro, como era chamado, percebeu que a filha era especial, dada à sua auréola resplandecente.
Luma cresceu nesse reino construído de palavras, versos, poemas e canções. Era poeta e compositora e servia a todos com graça, levando, com voz maviosa, a alegria de suas canções a vocábulos solitários e perdidos de si mesmos. Trabalhava também como mestra de palavrinhas musicais desafinadas, aprimorando-as para o futuro.
De vez em quando, de madrugada, Luma saía a colher estrelas que, com cuidado, acomodava na dobra da túnica.  Só voltava para casa quando a manhã raiava e, então, guardava a colheita da noite num jarrão de puro cristal para ver as estrelas tremeluzirem.  Por que agia assim?
Ah! Em visita aos amigos, na hora de se despedir, num abraço demorado, a suave Luma, discreta e amorosa, colava no peito do amigo uma estrela luminosa que curava quem estava doente, animava quem estava sozinho, iluminava quem estava no escuro, demonstrando assim o seu carinho. Aos amigos mais distantes ela enviava uma estrela-pensamento. Por isso as saídas noturnas para pescar estrelas...
Ainda frequentava o templo de Verbum, o sábio sacerdote que lhe desvelara o dom especial de comunicar-se com seres de outros reinos e dimensões.  Havia, porém, uma regra a que Luma não podia desobedecer. No dia em que ela recebeu o grau máximo de Mestra da Música e da Poesia simultaneamente, Verbum  ordenara-lhe solene:
- Leia em voz alta o juramento do pergaminho sagrado:
“Jamais ultrapassarei a fronteira da Poesia e do Encantamento.”
E assim foi feito.
Desde aquele dia, entretanto, Luma caiu em desassossego, pois, além de independente e destemida, era bastante curiosa. O que será que existe além daquela ponte? Sua mente dançava ao ritmo das perguntas que se avultavam. O vento travesso sussurrava ao ouvido das flores, espalhando aquele segredo de polichinelo, pois todo mundo já sabia; a última a descobrir foi ela...
Para lá da ponte começava o reino dos homens! E agora Luma queria saber como era sentir-se humana. Devia haver alguém como ela naquele misterioso reino de sombras e névoas. E a Luma-palavra cismou de encontrar a Luma-menina, seu referente naquele mundo meio primitivo!
Do outro lado do rio da vida, a Luma-menina respondia pelo nome de Maria da Luz, ou, mais propriamente, Luz, como gostava de ser chamada. Luz era o referente de Luma; também era ela doce poeta, cantora e compositora, mas com alguns atributos diferentes como sentimentos de tristeza e solidão de vez em quando.
Luma conhecia apenas a alegria; nunca havia chorado antes de atravessar aquele segredo sinalizado pela ponte proibida.
Quando Luma abriu os olhos, estava dentro de uma imponente biblioteca de uma metrópole daquele mundo desconhecido. Luz acabara de abrir um livro de poesia e lá estava Luma, levantando-se e estendendo a mão a Luz:
     - Olá! Sou Luma, muito prazer em conhecê-la.
Surpresa, mas acostumada a lidar com palavras, Luz ficou encantada com aquela aparição inusitada:
     - Oi, sou Luz ... Você mora aí nesse livro?
    - Não, menina! Só usei o livro como meio de transporte para poder me aproximar de você.
   - Nossa! Que legal! Você me conhece, então?!
   - Como não? Sei tudo sobre você! Quero ser sua amiga...
   - Claro, claro... mas posso saber como você me conhece? De onde você veio? Quem é você?

    - Calma, Luz! Uma pergunta de cada vez!
E, assim, pacientemente, Luma foi esclarecendo a curiosidade de Luz. Contou-lhe sobre sua vida no Reino das Mil e Uma Palavras sem Fim, sobre o juramento feito a Verbum e a sua posterior desobediência a ele.
Luz, por sua vez, narrou-lhe sua vida algo monótona e triste até então. Falou-lhe de suas preferências literárias e musicais, de sonhos e aspirações. E descobriram-se tão parecidas: Luma e Luz, quase idênticas. Na verdade eram lados da mesma moeda poética.
E, assim, todos os dias Luz e Luma encontravam-se na grande biblioteca, falavam sobre tudo, trocavam poemas e aprendiam a conhecer-se mutuamente. Luz resplandeceu com a alegria de Luma; esta cresceu em sabedoria, ao experimentar a tristeza de Luz, uma nostalgia que às vezes chegava de mansinho com o entardecer.
E o tempo foi passando. Luma praticamente passou a morar na biblioteca e começou a descobrir o lado sombrio daquele mundo. À noite, podia ver centenas de palavras mal-encaradas saindo para a vida noturna daquela cidade fascinante e perigosa. Sentiu-se sozinha e triste. Luz não podia fazer-lhe companhia o tempo todo, pois era humana, tinha que estudar, cantar no coral, fazer as tarefas de casa; e tudo isso era severamente vigiado pela mãe.
Houve uma noite em que Luma chorou de saudade de seu reino, e esse forte sentimento de tristeza, pela primeira vez experimentado, envolveu-a em uma nuvem pesada e sufocante. Em sincronia com ela, Luz começou a perder o entusiasmo pela poesia e parou de sonhar... E ambas estavam ficando cada vez mais sem brilho e sem cor: adoeciam de nostalgia, reféns de uma solidão galopante.
Por outro lado, no Reino das Mil e Uma Palavras sem Fim, Patro e Verbum, preocupados com o desaparecimento de Luma, foram buscar socorro em outro reino bem próximo onde todas as palavras eram felizes.
Era um reino de céu esmeraldino: onde as estrelas verdes cantavam um hino à fraternidade universal. Foram recebidos carinhosamente pelo Esperanto, o mentor espiritual daquele reino de paz. Tanto Patro quanto Verbum há muito sabiam conversar na língua usada naquele reino, por isso foi fácil o contato com aquelas palavras fraternas.
      Depois de algumas horas reunidos com o Mestre Esperanto, Patro e Verbum voltaram para casa cheios de esperança. O Esperanto prometera resgatar Luma e Luz, mostrando-lhe toda a beleza e finalidade da língua internacional criada por Zamenhof.
E assim foi feito. No dia seguinte, Luz já tinha nas mãos o Fundamento do Esperanto e mostrava feliz o seu tesouro para amiga Luma. Esta então se lembrou de já ter ouvido falar do belo reino de Esperantio, onde todas as palavras são felizes por poderem comunicar-se facilmente com todos os outros reinos próximos ou distantes...
E a alegria voltou ao coração das duas. Elas tinham agora muita coisa bonita para aprender e compartilhar com o uso do Esperanto.
Então, em outro reino não muito distante, onde flores, passarinhos e bruxas convivem na mais santa harmonia, a Florzinha escritora dá um longo suspiro e fecha o livro onde habita a história que ela acabara de escrever.
Ah, que vontade ela tem de conhecer de perto aquelas duas almas irmãs... Ah, que vontade de aprender essa língua verde da fraternidade!
 E como, juntas, as três iriam brincar de criar por aí...


Leia este conto em Esperanto em Beletra Almanako:

http://www.beletraalmanako.com/boao/ba12/index.html
                                              
  Maria Nazaré de Carvalho Laroca