Textos em português e esperanto. Tekstoj en la portugala kaj en Esperanto.

Obrigada por sua visita! Dankon pro via vizito!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Aleppo





http://www.tvi24.iol.pt/videos/internacional/menina-siria-mostra-o-que-esta-a-acontecer-em-alepo/57f4c6060cf2e48931e66fe9




Aleppo

Nem Alice, nem Dorothy:
uma menina síria de sete anos
caminha entre os escombros
de uma cidade sob as cinzas
de cotidianos bombardeios.
O amanhã já veio, e ela não sabe.


Aleppo

Nek Alico, nek Dorothy:
siria sepjaraĝa knabino
piediras inter la ruinoj
de subcindra urbo
pro ĉiutagaj bombadoj.
Jam venis morgaŭo,
kaj ŝi ne ekscias.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 23/11/2016

sábado, 12 de novembro de 2016

Rascunho _ Malneto




Rascunho


Nas franjas do cotidiano,

coleciono instantes

tecidos de eternidade...

Agora é a voz 

raivosa da chuva

que roubou a noite

deste sábado  de novembro  

como tantos outros,

solitários sempre.




Malneto


En la franĝoj de l’ ĉiutagaĵo,

mi kolektas momentojn

teksitajn el eterneco...

Jen la voĉo nuna

de l’ pluvo kolera,

kiu ŝtelis la nokton

de l’ novembra sabato,

kiel tiom da aliaj,

por ĉiam solecaj.




Maria Nazaré Laroca

Juiz de Fora, 12/11/2016.

domingo, 6 de novembro de 2016

Perda _ Perdo



Perda

Houve um tempo
em que eu queria
silenciar todas as flores,
desligar os passarinhos, 
recolher o arco-íris, 
apagar o sol 
e enrolar o dia
como um tapete gasto.

           (1999)


Maria Nazaré Laroca

In: Poemas sem endereço. Juiz de Fora, MG. 2000.




Perdo


Estis tempo, 


kiam mi volis 


silentigi ĉiujn florojn, 

elŝalti la birdojn, 

kolekti la ĉielarkon, 

forviŝi la sunon, 

kaj volvi la tagon, 

kiel tapiŝon eluzitan.



Juiz de Fora, 06/11/2016.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O lenheiro _ La lignovendisto



O lenheiro


O lenheiro do meu bairro
era um gigante negro
de pura emoção e músculos.

Invadia a minha rua
com o cheiro bruto da lenha
que trazia nas costas
como um brinquedo.

Nos olhos da meninada
um prazer esquisito,
ao vê-lo passar inteiro
como um deus africano.

Eta, lenheiro, amigo,
que  trago guardado
no fundo da minha infância!
A sua ingenuidade
até hoje me comove!


Maria Nazaré Laroca In: Sem cerimônia (Poesia). Juiz de Fora, MG. 1985. / 2ª edição 2000.


La lignovendisto  

La lignovendisto  de mia kvartalo
estis giganto nigra
el pura emoci’ kaj muskoloj.

Li invadis mian straton
per kruda odoro de l’ ligno,
kiun li alportis dorse
kiel ludilon.

En la okuloj de l’ knabaro
stranga plezuro, tiam
kiam li marŝis impone
kiel afrika dio.

Ha, lignovendisto, amiko,
kiun mi gardas
en la fono de mia infanaĝo!
Min kortuŝas via naivo
ĝis hodiaŭ!


Juiz de Fora, 02/11/2016.