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sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Primeiras trovas



I

Fazer trova é um desafio
que um dia hei de vencer;
e, destemida, eu porfio,
sem jamais arrefecer!

(14 / 08 / 2019)


II

Versejar em sete sílabas,
pelas ruas da cidade,
é o passatempo possível
de um coração sem idade.


(15 / 08 / 2019)


III

A palavra trovador,
com seu sufixo de esteta,
faz a dor gerar amor:
sina de todo poeta.


Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 16/08/2019.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Correntes _ Ĉenoj





Correntes

Há quem ousa
sequestrar o tempo,
o espaço, a alegria,
a lágrima alheia...

Todavia ninguém
pode acorrentar
um pensamento
a correr sem medo
pelos pastos do sonho.


Ĉenoj

Estas tiuj, kiuj aŭdacas
forrabi tempon, spacon, ĝojon,
larmojn alies...

Neniu tamen kateni povas
sentiman kurantan penson
tra l'paŝtejoj de l' sonĝo.

Maria Nazaré Laroca 
Juiz de Fora, 20/02/2016

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Mimo


                                                                          Para Dirce Sales
Diz que um anjo
Disse assim:
Dir-se-ia
Dir-se-á!

Dir-se-ia
Dirce há:
Dirce lírica!

Menininha:
Miosótis
Nos cachinhos
Dos cabelos.

Rouxinol
Escondido
Na garganta.

Blusa de renda
Saia de organza
E tafetá.
                                                                
Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 01 /02/2016.
(Do livro Travessia do poema. FUNALFA: Juiz de Fora/Pontes: Campinas, 2012.)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Fadinha do Sol



                      
                                                                           Para Glória Sol, nossa querida editora de vídeos.


É uma Fadinha atrevida

que desafia a ortografia

com elegância colorida.


Ela é muito prosa:

tem voz de algodão doce

cor de rosa...

E como ri à toa!


Eis outro encanto:

ela fala a língua verde:

o Esperanto!


E realiza nossos

sonhos virtuais

em belos vídeos...


Onde ela mora?

No raio de sol

que me sorri lá fora!


Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 02 de outubro de 2015.

sábado, 12 de setembro de 2015

sábado, 30 de maio de 2015

Juiz de Fora: 165 anos!



É festa de aniversário,
mas na cidade operária,
tecelã da poesia,
sopra o vento da saudade
no presente da alegria.

É Juiz de Fora tão dentro
do coração de seus filhos,
que mesmo fora, distantes,
querendo, a alma se aninha
nos braços de suas montanhas.

É festa de aniversário,
mas na cidade operária,
tecelã da poesia,
sopra o vento da saudade
no presente da alegria...
 
Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 31 de maio de 2015.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Desejo




Falta da infância
e da mocidade
que nunca vivi.

Falta do perfume
dos crepúsculos,
e do leite que escorre
dos seios da lua,
e que nunca bebi.

Falta do grito
das auroras
sem pudores.

Falta da falta
que faz falta.
Falta assim:
falta de mim.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 20/02/2014.






segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Sem






Sou 
mente
semente
somente.

Só 
mente
se mente.


Se
mente
se
sol.

men
te
só.

Maria Nazaré Laroca

Juiz de Fora, 03/02/2014.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O semeador




O poeta semeia versos
Na pele escura da noite
Onde dormem inquietudes
E seus luares boêmios.

Nas entrelinhas do texto,
Um rio de sonhos passa,
Mas só se pescam estrelas
Com o olhar desarmado.

Maria Nazaré de C. Laroca

Juiz de Fora, 1º/10/2013

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Tribo Kawahiva


Sem pisar no rio do tempo,
A câmera  do telejornal
Capta o passado vivo
Em tempo real.

Súbito farfalhar de asas
E crepitar de folhas assustadas
Desafiam o silêncio
Virgem da floresta
Que pulsa em mistério.

Perplexo, o repórter
Flagra uma tribo primitiva
Intocada pela civilização.

Corpos totalmente desnudos
Integram a natureza:   
Passam nômades guerreiros
À frente de mulheres apressadas
Que carregam meninos e outro fardos.

Uma criança percebe o intruso,
E grita: “tapuim!”, “tem inimigo”!
E a mãe ordena: “atzé !”, “vamos”!
E desaparecem todos  no seio da floresta.

Maria Nazaré de C. Laroca

Juiz de Fora. 16/08/2013.

sábado, 1 de junho de 2013

Fado





Um nauta
Ungido
Em nardo:

No peito,
A frágua
Que deságua
Em mágoa

É cardo,
Espinho
E fardo:
É saga.

É náusea
Sem pausa
Que naufraga:
Adaga.

Maria Nazaré de C. Laroca
Juiz de Fora, 31/05/2013.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Nascimento





Há um descompasso

No traço que faço:

Crio uma draga

Que alça o passado

Do fundo da água

Em que navega

O meu presente

Sem trégua sempre.




Giro o compasso,

E a ponta do laço

Enlaça o abraço

Do tempo sem peia

Que me presenteia

Com a Lua Cheia

Todo fim de maio:

É aniversário.




Maria Nazaré de C. Laroca

Juiz de Fora, 27 de maio de 2013.
.

domingo, 3 de março de 2013

Conexão


Na selva escura


Da lavoura literária,

A criatura cria

E atura palavras

Ainda não ditas.
 

Com razão e rasura,

A palavra escrita

Lavra a metáfora

E ainda se enternece

Com a poética prosa

De Gertrude Stein:

”Uma rosa é uma rosa

É uma rosa”... Outrora
 

E hoje, é difícil amar

Uma única pessoa

Cheia de pessoas.

Mais fácil: o rosto

Apressado e sem nome

Da humanidade.

 

Maria Nazaré de C. Laroca

São Paulo, 03/03/2013.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Rosas de novembro


Aguda desarmonia na minha rua:
Não ouço mais o alegre bom-dia
Da simpática velhinha ao portão.

Um abandono sem cerimônia
No silêncio da porta fechada
Daquela casinha sobrevivente
Entre os prédios de luxo...

No jardim sempre cuidado,
Apenas galhos decapitados, vazios:
As rosas vermelhas fugiram às pressas,
Na madrugada de domingo:

Não suportaram a ausência
Da risada daquela amiga
Que partira sem avisar...
Sem ao menos um abraço de adeus.



Maria Nazaré de C. Laroca

Juiz de Fora, 30 de novembro de 2012.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Impressões



"Quero o inapreensível. É espantosa essa luz que escapa, levando a cor consigo. (Claude Monet )



Indiferente ao feérico
Salão brutalmente iluminado
Do shopping do Leblon,

Uma quase luz de chuva
Envolve toda a Lagoa
Em véus de névoa plúmbea.

Quisera ter o gênio de Monet
E  capturar  assim
A inapreensível  cor adormecida
No mistério desse último
Domingo de novembro no Rio.


Maria Nazaré de C. Laroca
Rio, 25 de novembro de 2012.



sábado, 17 de novembro de 2012

Rapsódia matinal


    

"O homem é uma corda distendida entre o animal e o super-homem: uma corda sobre um abismo; travessia perigosa (...)." Friedrich Nietzsche

A menina de cinco anos
balança sua alegria
na corda atada
nos galhos da mangueira.

Ela não suspeita
de outra corda:
a mulher de cinquenta
que desafia o abismo.

A menina está feliz
com a inocência
de seu instante;
no entanto desconfia
desse abismo de plumas
de temível doçura...

Então fia e desfia
a seda do rio do tempo
que retorna sempre...

A mulher de cinquenta
atravessa o espelho
e dialoga com o caos.

Ela quer provar o saber
e o sabor de todos
os homens e mulheres,
mas consegue beber
o olho azul do dia
na taça que transborda
esse sol de inverno...

Maria Nazaré de C. Laroca
In: Travessia do poema. Juiz de Fora: FUNALFA; Campinas:Pontes Editores, MG.2012. p.19

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Lua do Leblon








Muitas luas já vivi ...

Lua barroca de Minas,

Hóstia de luz elevada

Sobre o silêncio beato

Dos telhados das igrejas

De Ouro Preto e Mariana ...



A lua fria de Manhattan

Vai pingando solidão

Nos braços da Liberdade ...



Mas essa lua vermelha

Que contemplo de joelhos

Do Mirante do Leblon:



Lua vestida de ouro,

Nua, despida em fogo,

Paixão suspensa, fetiche ...



Essa lua equilibrista,

Balão chinês que enfeitiça,

É como um orgasmo do sol:

Incêndio num mar dourado!



Maria Nazaré de C. Laroca

IN: Travessia do Poema.Juiz de Fora: FUNALFA; Campinas:Pontes Editores. 2012, p. 4
7.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Subúrbio





Lá na esquina dos meus sonhos,

Resta um portão companheiro

De um alegre manacá

Que cheira ao tempo de espera

Do namorado primeiro.



Maria Nazaré de C. Laroca

Juiz de Fora, 05 de novembro de 2012.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Carta de Drummond



Em 1974 enviei um poema para Drummond, e ele me respondeu com muita gentileza. A carta do poeta dizia assim:


 Rio, 8 de julho de 1974.


      Obrigado, amiga Nazaré, pelo breve e essencial poema que me enviou e que tem, igualmente, “a doçura das coisas não compradas”.
      O abraço afetuoso e admiração de

                 Carlos Drummond





    Descoberta
                           A Carlos Drummond de Andrade

Com a doçura das coisas não compradas,                                            
De repente a água
No corpo da rocha fez morada
E abrigo de sonhos
Em gestação antiga e só.

No seio de cada pedra,
Pétala de rosa surpreendida
Misteriosamente  cotidiana.


Maria Nazaré  de C. Laroca

In: Sem cerimônia, 2ª ed. Juiz de Fora - MG, 2000. p. 30