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segunda-feira, 3 de abril de 2017

Fugacidade _ Efemero



Fugacidade

O sol de abril
abriu um sorriso
fulvo  no meu corpo,
em desacordo agora
com os sonhos de outrora.

As dores traçam o peso
do tempo nos meus ossos;
e caminho mais devagar,
embora as árvores continuem
a falar de flores e passarinhos.

O tempo não passa na praça:
passado e futuro  presentes
sempre.
Só eu que passo.


Efemero

L’ aprila suno orflave
ekridetis sur mia korpo,
kiu malkonsentas nun
kun la pasintaj revoj.

Doloroj strekas la pezon
de l’ tempo sur la ostoj;
kaj mi pli lante paŝas  
malgraŭ l’arboj, kiuj ade
parolas pri floroj kaj birdetoj.

La tempo ne pasas en la placo:
estinto kaj estonto ĉiam nunas.
Estas nur mi, kiu pasas. 


Maria Nazaré Laroca
Juiz de fora 03/04/2017.

terça-feira, 21 de março de 2017

Dominação _ Superregado








Dominação

"Os adjetivos
passam,
e os substantivos
ficam”- disse
Machado de Assis.

E os verbos
(sobretudo
no imperativo)
intrometem-se
em nossa vida.

Cansei de ser máquina!
Não suporto mais
tanto comando!

Maria Nazaré Laroca
Em 21 de março de 2017 (Dia Mundial da Poesia).

  
Superregado

"Adjektivoj pasas,
kaj restas substantivoj. "
- diris Machado de Assis.

Kaj la verboj
(precipe en imperativo)
sin trudas al nia vivo.

Mi ne estas maŝino!
Ne plu eltenas mi
tiom da  ordono!

Maria Nazaré Laroca
La 21-an de Marto 2017 (La Monda Poezitago).

quarta-feira, 15 de março de 2017

Depuração _ Elpurigo



Depuração


Na curva do tempo,
minh'alma, sem pressa,
o futuro reescreve
nas águas da memória.

E o ontem desvela
a ilusão, essa nau frágil,
que agora naufraga
nas fráguas das paixões. 

Elpurigo              

Sur la kurbo de l’ tempo,
senhaste  l’ animo
estontecon reverkas
sur l’ akvoj de l’ memoro.

Kaj hieraŭo rivelas
l’ iluzion, fragilan barkon,
kiu pereas nune
en la bruloj de l’ pasioj. 

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 15/03/2017.                                                              

sábado, 11 de março de 2017

Impromptu _ Improvize




Impromptu

O dia se abre em pétalas  
de sol  e perplexidade  
ante o  mistério do existir.

E dançam, num chão de pássaros,
flores de aço que cultivo 
nas arestas da poesia.


Improvize

La tago malfermiĝas
petaloj de suno kaj perplekso
pri l’ mistero de l’ ekzisto.

Kaj dancas  sur birda grundo
ŝtalfloroj, kiujn mi kultivas
sur la eĝoj de l’ poezio.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de fora, 11/03/2017.

sábado, 4 de março de 2017

Eva


      Poema inspirado no # 051 - Estudo de Gênesis -  Haroldo Dutra Dias:   https://youtu.be/VhSaebi7O4E

Eva

Jardim do Éden:
cenário da queda
de Adão e Eva,
ambos seduzidos  
pela astúcia do Mal
que empodera.

Ora, direis,
em vã filosofia,
(quase como Sartre):
a serpente
são os outros,
que cultivam
as flores do mal,
e o mundo oprimem
desde sempre.

Entrementes,
vigio a serpente
que dormita, entanto,
em algum canto 
obscuro de mim.


Eva
   Poemo inspirita de # 051 - Studo de Genezo -  Haroldo Dutra Dias:   https://youtu.be/VhSaebi7O4E 

Edena ĝardeno:
scenejo de l’ falo
de Adamo kaj Eva,
ambaŭ delogataj
per la ruzeco de Malbono,
kiu ĉiujn povigas.

Nu, vi diros,
vanfilozofie,
(kvazaŭ Sartre):
la serpento
estas aliaj,
kiuj kulturas
la florojn de l’ Malbono,
kaj  la mondon premas
ekde ĉiam.

Dume, mi priatentas
la serpenton,
kiu tamen dormetas
en iu malluma
angulo ene de mi.


Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 04/03/2017.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Recreio _ Amuziĝo



Recreio


Só as crianças e os cães sabem brincar com seriedade: não precisam 
distrair-se, sair do foco da rotina que sufoca.
Na vida, fingem poetas e palhaços. No carnaval, contenta-se a massa
com o delírio da alegria agendada.
Não sei brincar; prefiro sonhar.

Amuziĝo

Nur infanoj kaj hundoj scias ludi serioze: ili ne bezonas distriĝi, 
eliri el la fokuso de la premanta rutino.
En la ĉiutaga vivo, homoj ludas kvazaŭ poetoj kaj klaŭnoj.
Ĉe karnavalo, homamaso kontentiĝas per la deliro de l’  planita gajeco.
Mi ne estas ludema; revoj al mi sufiĉas.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 28/02/2017.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Ausência _ Foresto



Ausência

No silêncio da pele,
grita a ausência
do frescor do tempo.


Décadas desfilam
no luar deserto
que ora penetra
os quartos vazios.


Imóveis as cadeiras
da sala de jantar.
Inutilidades!


Somente os pés
arrastam a vida
e a dor das horas
que não passam.



Foresto

En la haŭtosilento
krias la foresto
de l’ freŝeco de l’ tempo.



Paradas jardekoj
tra l’ dezerta lunlumo,
kiu penetras nun
la ĉambrojn malplenajn. 



Senmovaj seĝoj
de l’ manĝoĉambro.
Tute senutilaj!



Nur piedoj
la vivon trenas,
kaj la doloron
de la horoj,
kiuj ne pasa
s.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 14/02/2017
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